18.12.02

Deletei o "Romances taquigráficos 1" pra postar agora a versão completa:

O próximo Dia dos Namorados acontece numa Terça-feira, o que poupa muito solteiro infeliz de recorrer a expedientes complicados para sublimar a data. Ela ficará obliterada no movimento de uma semana de trabalho. Quem, apesar disso, ficar muito consciente dela, é por ter pessoa que o obrigue à lembrança, para melhor ou pior. A segunda opção, de memórias a que uma lobotomia só faria bem, tem semelhantes nestes romances taquigráficos contrários à máxima nelsonrodriguiana "se acabou, não era amor".

O amor estimula as artes e a ciência. Sem ele não haveria música, literatura, dança, teatro, cinema e remédios de tarja preta. Não música, literatura, dança, teatro, cinema remotamente interessantes; não tarjas tão pretas. Cada manifestação do que se quer chamar de o sentimento maior de todos entre duas (e, às vezes, três, quatro, cinco...) pessoas tenta provar corajosamente, egoisticamente sua existência através dos séculos ou sua presença em uma vida, exigindo para si o contraditório epitáfio "Amor". É pequeno, é nada; cada um, numa vida, sabe o que foi. Aqui, alguns.

*Nietzsche e Lou Salomé*

"A mulher aprende a odiar à medida que desaprende a fascinar" é um dos aforismos anti-fêmea que Nietzsche passou a escrever depois de levar uns três tocos consecutivos de Lou Salomé. Ela preferiu dar mole pra Freud e pegar Paul Reé, mesmo porque Níti devia ser um sujeito infinitamente mais intenso que aqueles dois. (Sugestão para enquete: você sairia com o Níti?)

*Clarice Lispector e Chico Buarque*

Em 1968, enquanto a maioria prestava atenção ao inflamado discurso do líder dos estudantes Vladimir Palmeira na Passeata dos Cem Mil, Clarice Lispector falava doçuras e, segundo o testemunho de Nelson Mota, manjava languidamente os olhos verdes de Chico (e mais todo o conjunto da obra que ainda hoje faz enorme sucesso). Até onde vão os registros oficiais, não deu em nada.

*Dorothy Parker e Robert Benchley*

Da biografia de Dorothy Parker (ED. Civilização Brasileira):

"Certa manhã, em 1919, Dorothy depara-se com um indivíduo pálido, de gestos acanhados, transpirando puritanismo, que parece querer partilhar seu escritório na Vanity Fair. Robert Benchley encarna a tal ponto o protótipo daquilo de que ela gosta de zombar que esquece de tirar seus óculos, gesto ritual de sedução (n.r.: lembre-se do versinho do Dorothy: "Men seldon make passes at girls who wear glasses"). Percebe que rói as unhas e logo imagina que use cuecas compridas. Por que Crownshield teria admitido esse escoteiro, interroga-se.

Benchley é o tipo de homem de quem os amigos costumam dizer "se ele fosse mulher, eu me casaria.""

Ela era dona do senso de humor mais ácido a desfilar pela mesa redonda do Algonquim e ele fazia o tipo "perdedor" de humorista, personagem que brinca com seus próprios fracassos. Referiam-se um ao outro como "Sra. Parker" e "Sr. Benchley" e protagonizaram uma longa história de tesão reprimido, trabalhando juntos, saindo juntos, bebendo juntos. Mas apenas roçando a qualidade de amantes na mente maldosa do seu círculo de amigos e, muito provavelmente, na sua própria imaginação: nunca... nunca. Nunquinha. Dorothy, segundo Edmund Wilson, o considerava um santo, mesmo sabendo que ele traía a esposa suburbana com uma vedete enquanto ajudava Dorothy a recuperar-se de suas eventuais tentativas de suicídio. Quando ele morreu de cirrose hepática em 1945, Dorothy foi ver o corpo e declarou, repetindo o convidado de Gatsby ao olhar o antigo anfitrião morto: "Coitado do filho da puta!"

*Glauber Rocha e Helena Ignes*

"Metro Goldwyn Mayer. High Society, Uísque e mambo. Uma das amigas me cochichou: "Vá dançar com Leninha". Na dança, nos colamos, a beijei, mordi, lambi boca, orelha, pescoço. Era quente, Veio. (...) A Bahia queria comer Helena. Era nossa Brigitte. Nossa Marilyn. Eu possuía a mulher mais desejada da Bahia. (...) Intelectual de classe média, estudante de Direito e de teatro, casada com Glauber Rocha, cronista social e animadora de TV, candidata derrotada a Miss Bahia, bonita, elegante, loura, fuma, não sabe dirigir, úlcera, ligeiramente nervosa, radical com a mediocridade (...)"

"Ela me comeu e foi embora." (retirado de Revolução do Cinema Novo – Glauber Rocha)

Precisa dizer mais?

*Goethe e Charlotte / Werther e Charlotte / Karl e Sra. Herd*

Na época em que escrevia Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe era a fim de uma menina que havia conhecido num baile em Wetzlar e, aos primeiros contatos, não soube que era comprometida com um sujeito chamado Kestner, de quem acabou tornando-se amigo mesmo depois de saber que era ele o embarreirador oficial da situação. Pulou fora, claro, sensatamente, não sem antes revelar várias vezes seu amor à menina (Charlotte) e deixando o próprio Kestner saber da história.

No mesmo círculo de amigos de Goethe e Kestner e Charlotte em Wetzlar, havia um jovem chamado Karl Willhem Jerusalem que também gostava de manjar a mulher de outrem. Ele era muito apaixonado pela dona dum tal secretário Herd.

Aí cêis vejam a esperteza do Goethe: na primeira parte do Werther, o sofrimento é o dele; na segunda, quando o indivíduo finalmente mete uma bala no meio dos cornos, aí já é o tal do Jerusalem, entende? Que, de fato, se matou por causa da mulher do tal do Sr. Herd. E quem contou pro Werther, digo, Goethe, que o Jerusalem tinha se matado foi o próprio Kestner.

O livro provocou suicídios entre os jovens que o leram à época de seu lançamento. Não tentem fazer isso em casa. Ou melhor, em lugar algum.

*Gore Vidal e James Trimble*

James Trimble é o JT a quem Gore Vidal dedicou seu primeiro romance, A Cidade e o Pilar, de temática abertamente homossexual, o que era novo e considerado impróprio em 1948. Os dois se conheceram em um internato para rapazes por volta de 1940 e logo ficaram amigos. Até que um dia ficaram amigos e peladões sobre um chão de azulejos brancos. A partir daquele dia, "o prazer sexual mal podia dar conta do enorme deleite que desfrutávamos da nossa mútua companhia".

Jimmy foi para a guerra e morreu em um ataque em Iwo Jimo, em 1945.

Gore Vidal em sua biografia, de 1995, Palimpsesto, em que se declara parte de um casamento branco (aquele no qual "não se faz coisinha"): "Vivo agora há meio século com um homem, mas o sexo não desempenhou um papel no relacionamento e assim, onde não há busca nem desejo, não existe completude. Mas existem estados menores satisfatórios, migalhas."

*Walther Moreira Salles e minha mãe*

Eu também sou filha dele!
Sobre aquele seu grande amô

Tem quem acredite que a grande contribuição de filmes como “Sabrina” (opção bagaceira: qualquer um com a Meg Ryan), músicas como “The Long and Winding Road” dos Beatles (opção bagaceira: aquela do “estou fazendo amoooor com outra pessssssssoaaaaa...” – aliás, para estender o parêntese e divagar sobre o estranho verso citado, se o pagodeiro em questão não estivesse fazendo amor com outra pessoa, seria onanismo?) e os livros de Jane Austen para a nossa cultura é o fatalismo rosa-chá. Aquele que faz as paspalhas acharem que terão um amor de verdade na verdade e os outros serão balela.

Eu fico com as fatalistas rosa-chá. Duas historinhas:

Coco Chanel e Boy Capel

Boy Capel montou para a amante Coco Chanel sua primeira loja, uma chapelaria. A moça magrela e pobretona gostava de criar estilo e a partir dos chapéus, desenvolveu seu trabalho para chegar rasgando (com trocadilho) no mundo da moda.

Pois o rapaz inglês era o preferido de Chanel entre os amantes que ela tinha em Paris, e ela acreditava que era sua intenção propor casamento. Mas Boy ficou noivo de uma tal de Diana Lister, que vinha da mesma camada social que ele e todas essas besteiras que até hoje fazem sentido apenas dentro de um certo código moral xexelento.

Coco Chanel amargou aquela dor-de-cotovelo mas o grande choque foi quando Boy morreu ainda jovem, deixando para ela uma boa herança. Ela podia aceitar que ele estivesse casado, mas não morto. Chanel entrou em depressão e passava seus dias trancada no quarto, que mandou decorar todo de preto.

Depois de um tempo, Coco arranjou um tal de Dimitri. E um Pierre. E até deu uns pegas no Stravinski. Tudo palha: não haveria mais outro Boy Capel.

Ernest e Agnes

Era uma manhã de agosto de 1918, em um hospital de Milão. Um voluntário da Cruz Vermelha ferido na guerra teve pulso e temperatura tomados por sua enfermeira. A bela Agnes Kurowski, 26, logo em seguida deu banho em Ernest Hemingway, 28. Como o paciente estivesse consciente e até bem brincalhão (“Sou capaz de reter minha respiração por até três minutos!”), deixou que ele mesmo lavasse seus próprios genitais, limitando-se a massagear suas costas. A partir daquele momento, Agnes ficou gravada em Ernest como a perfeição e pelo resto de sua estada no hospital, ficava feliz quando ela atendia ao seu chamado pela campainha do quarto e arrasado se ela não viesse. Apaixonou-se e namorou a enfermeira, embora tenha se queixado de que certa vez ela foi jantar com um médico que usava um tapa-olho sobre a vista esquerda. Quis se casar com ela, que disse que o amava. Em outubro, Agnes partiu para Florença, prometendo-lhe fidelidade e cartas pelo período em que estivessem separados, nas quais contaria absolutamente tudo sobre sua rotina, completando: “Amo você cada vez mais e sei que vou levá-lo comigo quando voltar para casa.”

“Sonho com você todas as noites. Vi rapazes italianos atraentes no hospital, mas nenhum tão atraente quanto o meu rapaz.”

“Quando vi aquele casal no trem, ontem, desejei ter você ao meu lado para poder pôr meu rosto naquele lugar delicioso, você sabe, o lugar côncavo para a minha face, e adormecer com seus braços me envolvendo.”

Em março de 1919, o conteúdo das cartas de Agnes foi se modificando da ternura à frieza, até que trouxeram a notícia de que ela estava de casamento marcado com um italiano que acabara de conhecer. Ao ler sobre a traição inexplicada, subiu as escadas até seu quarto e vomitou, vomitou pra caralho.

Ernest escreve a um amigo: “Ela não me ama, Bill. Jogou tudo fora. Um “equívoco”. Um daqueles pequenos e famosos equívocos, você sabe. (...) estou simplesmente esmagado.”

Em seu segundo romance, “Adeus às Armas”, Ernest relembra sua história com Agnes, matando a heroína Catherine Barkley de parto. Pelo menos na fantasia ela permaneceria boa: era menos doloroso fechar a história com sua “morte” do que com o casamento com um oficial italiano que, segundo relatos da época, tinha ancas largas.

Depois, Ernest casou-se com Hadley. E casou-se com Pauline. E Martha. E, por fim, Mary. Mas acho, acho mesmo que, quando se matou, em 1961, a última coisa que passou por sua cabeça antes daquela bala foi a cachorra da Agnes Kurowski.

21.6.01

Gonzo

O consultório está fechado

19.6.01

Quem escreveu...

"Oi, X,

acabei de chegar do Festival de Gramado. Tive que pagar excesso de bagagem
pela quantidade de prêmios que ganhamos por lá."

(a) uma starlet
(b) um megalomaníaco
(c) um publicitário

p.s.: num guento mais ouvir falar em "short list" (lista dos publicitários que vão de short pra cannes)
Improviso

Disseram por aí que me viram tocando o terrô na Lapa quarta-feira passada, que num sei quê. Vamo acabar com a boataria, fumeta. Eu tava tocando um pimentão, que àquela altura a gente achava que era um chocalho (cho-ca-lho).

Emprestei (não dei) meus talentos à uma banda que muda de nome todo dia, de uns caras da famigerada EBA. Tem um trumpetista foda, baixo e percussão muito bêbados. É a banda mais liberal desde a de Ipanema, com a agravante de que sai até fora de época: quarta que vem tem mais e na mesma Lapa. Para mais informações, procurar este doido num blógui pertinho de você.
Quem disse que ele era uncool?

O Uncool Kid foi nos states semana passada e me trouxe um presente de tirar as carça pela cabeça. Não tirei - ainda - mas todo mundo sabe que, em se tratando de Radiohead, é só uma questão de tempo (e em se tratando do Uncool Kid, ele vai querer estar por perto quando eu fizer isso): o bonitinho me trouxe o Amnesiac em VINIL. Putaquepariu.

São dois disquinhos e a capa tem algumas diferenças em relação ao CD: enquanto o encarte do CD manda que o pobre diabo do ouvinte monte ou cole ou sei lá o que as arestas do encarte, a capa do disquinho duplo avisa que é pra você guardar longe da luz do sol. De preferência numa gaveta junto com os seus segredos. Ui.

Se o THom Yorke ouvisse o barulho que a minha geladeira tá fazendo agora, ia querer samplear.

18.6.01

Netunos

O show dos caras foi bacana (ver Globo, Rio Fanzine de sexta, tá online tb). O tal lugar novo, Kashanga, era um desses barzinhos com música ao vivo pra forró e agora pega o público que frequentava Beco da Boemia.

15.6.01

Matéria minha no jornal hoje

Sai hoje no Globo, Rio Fanzine, minha primeira matéria assinada (Cecilia Giannetti). É sobre os Netunos, banda do JP (Folhetim Bizarro), o cara que topou fazer grupo de estudos em mesa de bar comigo.

14.6.01

A salvação da internet

Pato de Borracha.

13.6.01

Sífilis de nerd

Cheguei no trabalho, olhei pra cadeira onde eu sento e vi as entranhas do meu computador. "O Norton não limpou". O haptime. Meu micro de casa também tá contaminado (fiquem frios, não é "transmissível" via blog) e eu ligo prum palhaço vir limpar. Quando digo palhaço, é porque o cara é palhaço mesmo. Só chamo de palhaço quem realmente merece, por mais gostoso que seja falar palhaço, palhaço, palhaço. E o palhaço diz que pra limpar o haptime e reformatar meu micro ele tem que levar a máquina pro "laboratório" dele. Ô dexter, eu nunca vi isso não but it can be easily done, just take everything down to the Highway 61.

Por falar em Bob Dylan, tô perturbadíssima. Há anos. Se ninguém me ajudar a descobrir o que ele canta em "You Belong To me", eu surto irreversivelmente. Não aguento mais ouvir essa música e não entender nada além do nome dela.

Mas aí no Dia dos Namorados. Depois de eu passar o dia inteiro olhando pro meu HD sem fazer nada, decidiram que eu não tinha como trabalhar e me mandaram pra casa lá pelas 16h. Visitei a Saravá Megastore. E aí fiquei presa no Amarelinho até a Marcha Contra O Apagão Moral acabar. Mas os efeitos que ela causou ao trânsito não pararam junto. O Centro não se movia, só nas calçadas por cima das poças d´água (claro que choveu porra). Não tinha ônibus pra voltar pra casa. Vi pela CInelândia a galera C.A. (não é C&A, é sem Bundchen) da ECO e percebi a enrascada que era estar ali. Podiam me confundir com uma manifestante do PC do B e me chamarem pra uma reunião no forró do ballroom.

Não foi fácil. Perdi a hora e não encontrei meu namorado em casa. Ed Stevens não espera muito, ele só aparece às terças, 22h. mas domingo eu pego ele na reprise.

31.5.01

No meu cubículo ou no seu?

A partir de amanhã, volto a trabalhar no Voxnews. Tenho feito frilas em casa desde o fim do ano passado e neste período não atingi a maioria das metas que tinha me proposto quando deixei a vida nos cubículos de escritórios: não enriqueci, não encontrei o amor (mas o carteiro já me cumprimenta) e não terminei a faculdade (sugestões de monografia para pennylane@imagelink.com.br). Portanto, melhor voltar.

Trilha sonora do último dia de vagabundagem: 1. must i paint you a picture billy bragg // 2. milan madrid chicago paris j j johanson // 3. the bends 4. high and dry radiohead // 5. we can work it out beatles // 6. say yes elliott smith

28.5.01

Stanislaw Ponte Preta

"O único programa de televisão que começa e a gente não sabe o que vai acontecer é transmissão de jogo de futebol".
Vou dizer só quatro vezes

Ou deveria dizer quatro vezes três?

Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo!

22.5.01

This mess we´re in

Faixa de Stories From The City, Stories From The Sea, PJ Harvey com Thom Yorke. É o bicho.
Trans Am

Som que massageia nos lugares certinhos. A frase é mais compreensível na platéia de um show do Trans Am, com duas xiboquinhas na cabeça.

O altão dos teclados já entrou pro top ten.

21.5.01

Níti é roque

(a leitura deste texto exige algum senso de humor)

"(...) podias até mesmo saquear com avidez todos os jardins da música, mesmo assim só conseguirias uma música imitada e mascarada (...)"

Com o estouro do "Quase Famosos", de Cameron Crowe, falam muito por aí em Lester Bangs, crítico de rock da revista Creem retratado no filme que não hesitava em mandar pra cucuia uma pseudo-imparcialidade jornalística, adicionando alto grau de maluquice aos seus textos. Mas nada disso é privilégio da era do rock. O século XIX, por estranho que isso possa parecer aos pós-modernos, teve lá também seu crítico de música piradão.

Nietzsche (de agora em diante Níti, porque é muito chato escrever um monte de consoantes) fez crítica rock´n´roll antes mesmo do advento das guitarras. A frase que abre a coluna (essa o Eduf sabe) não é de nenhum colaborador da Bizz detonando o Jota Quest em português arcaico. É Níti em O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música, seu tratado sobre o "otimismo trágico", a música enquanto um consolo metafísico que mostra como a vida, mesmo com tanta podreira, é poderosa e alegre. Níti até aplicou algumas vezes a manha tipicamente gonzo de sair do tópico no meio do texto: como em Ecce Homo, quando começa explicando porque escreve livros tão bons (sic) e descamba a falar mal das mulherzinhas (sic), a quem alega conhecer bem. Tá, num era exatamente gonzo, ele era só maluco mesmo. Mas escrevia apaixonadamente e sem rodeios, muitas vezes defendendo idéias absolutamente esdrúxulas (o mundo está decadente por falta de guerras, etc.), sempre com a mesma força.

Mas, ao Níti crítico de música:

Lá pelos idos de 1876, rolou um festival animadíssimo em Bayreuth, uma espécie de Glastonbury ou Rock in Rio, mas com ópera wagneriana noite após noite ao invés de rock, uma lou-cu-ra. Níti, como não poderia deixar de ser, foi conferir o show do seu ídolo de juventude. Certa noite do festival, lá pelo meio do Anel dos Nibelungos, começou a demonstrar insatisfação com a direção que a obra de Richard (Ricky) Wagner tomava: tinha virado uma coisa mais operística, diferente do lance inovador que antes o levara a apontar Wagner como fundador da única arte verdadeira. Enfim, o som do cara tava um saco, pasteurizado, nadavê. Imediatamente, Níti puxou o carro: "Seria loucura ficar aqui", escreveu ele. "Aguardo com terror cada uma dessas longas noites musicais. (...) Não aguento mais". Fugiu do festival sem avisar a Wagner, que ficou meio bolado com a atitude do Lester Bangs de Röcken (röck-en!) mas relevou porque sabia-o mutcho louco. Wagner tava em alta: Níti não curtiu mas o resto do mundo aplaudiu de pé.

Em Sorrento, pouco depois do festival de Bayreuth, novo encontro com Wagner, que estava compondo o Parsifal, uma obra meio de exaltação ao cristianismo. Níti foi embora novamente sem dirigir a palavra a Wagner e escreveu uma crítica ressentida e certeira contra Parsifal em O Caso Wagner: "(...) Wagner, um romântico decrépito e desesperado, desabou subitamente diante da Santa Cruz. Será que não houve um alemão para ver e, com piedade em sua consciência para deplorar esse horrível espetáculo? Serei eu, então, o único a quem ele fez sofrer?" Nossas publicações especializadas em música, inacreditavelmente brandas ao comentarem pragas radiofônicas impostas pelas gravadoras, têm o que aprender com a virulência de Níti. Diz de O Caso Wagner, em Ecce Homo: "Para fazer justiça a esta obra, é necessário sofrer a fatalidade da música como se fosse uma chaga aberta. De que sofro quando padeço o destino da música? Ressinto-me de que a música tenha sido privada de seu caráter afirmativo e transfigurador do mundo (...)"

No fim da vida, no entanto, doidão acima de qualquer suspeita contrária, tocando piano com os cotovelos, o crítico implacável deu lugar ao jovem fã ardoroso que um dia achara que seu compositor preferido ia salvar o rock, perdão, a arte. Certa vez, ao ver um retrato de Wagner, que já havia falecido, só pôde sussurrar: "Amei-o muito".






20.5.01

Anti-depressivos da semana:

O homem-macaco de Nova Délhi => "Dois já morreram em quedas do alto de edifícios ao se assustarem com gritos de que ele estava nas redondezas." (o foda desse lance do homem macaco e q a porra dos indianos tão pulando dos predios sem nem ver o bicho. basta um palhaço gritar: "olha o homem macaco!" q neguinho ja pula.).

A vida sexual de Kant => o maior mico da Veja desde o "boi-mate" (suposta cruza de boi com tomate manipulada geneticamente). Imperdível. procure na seção "livros" do no.com.br.

15.5.01

Pós-modernidade

"A aldeia é global mas ninguém come ninguém". Nem Baudrillard explicaria melhor a questão que o Millôr no Pasquim.

7.5.01

Sabbag

Palavras galantes no Spam Zine, Sabbag, brigada. Cê num é ciumento, Sabbag? Mas é romântico? Tô procurando um grande amor, sabe como é? pra assistir Bandido Da Luz Vermelha no Canal Brasil de mãos dadas suspirando.
Comediante e vedete

Meu comentário taquigráfico-saudosista publicado no Spam Zine de hoje e anunciado como minha "estréia" no mailzine não é nada senão uma gracinha pra seção achados e perdidos do Spam, a coluna mesmo era sobre ter os pés no chão quando os cadernos culturais começarem a chamar você, weblogger não-ficcionista avesso à narrativa, de escritor. Mas como o pau comeu antes mesmo de a coluna ser lida, saiu só aquele rabinho de (ARGH) confissão e agora quem leu a tal coluna diz "então é esta a merda que a menina tão crítica escreve"?

Fato é que, além dos meus contos, não escrevo muito mais que isso. Sei o limite destes contos: dariam bons roteiros pra comédias maluquinhas e só. Como literatura, é raso e não merece a denominação. Só vou escrever um livro depois de ler bastante outros tantos; escrever dança com S, só depois de ler Guimarães Rosa e poder garantir que não é erro ortográfico mas charme da língua inventado por ele, que dizia que o S dançava realmente, ao contrário do ç, que ficava lá paradão.

Não sou escritora até que escreva um livro bom.

6.5.01

Gláuber

"Arte só existe quando não há repressão. Mas aqui não se trata só da repressão das leis, dos códigos, da força: há também a repressão interna, o código interno."
Pepi, Luci e Bom

Fui ver este aí, do Almodóvar, ontem no cinema do Paço. Garota de 16 mora com travestis e uma dona de casa sadomasoquista, amiga de diletante que vira publicitária cheiradora de pó. O concurso de pau na festinha ao ar livre é hilário. Se passar perto de vocês, não percam (o filme, não o concurso de pau... corrigindo: cê que sabe).
TPM

A tal da Trip pra muié, TPM (links omitidos por razões óbvias), consegue errar no único quesito que não exige inteligência do staff, já que a revista não tem assunto mesmo.

A Trip é aquele festival bonito de chã, pá e acém em todos os ângulos, até frontal. Aí vou na TPM, onde o regalo seria um Rodrigo Santoro bombado de uns meses em academia da Barra da Tijuca, e nos negligenciam qualquer naco de carne do rapaz global.

Não tô pedindo nu frontal, não, tio. Pra isso tem a G Magazine. Só pedia uma barriguinha, as costas, os coxão, uma luz maneira e nada daquelas roupas Hermes e Renato que fizeram o sujeito vestir. E outra: J.R. Duran? Cacete, tinha ninguém melhor pra fazer essa bagaça não?

Taí, é castigo. Quem quiser chafurdar, que chafurde.
Paga por palavras

" 'Papai, o que é um otimista?' , pergunta Pat a Mike. 'Alguém que pensa que Margot Asquith não escreverá nunca mais' , responde o professor com a cabeça em outro lugar, enquanto remonta o gato e enxota o relógio." Depois de outras considerações mais análiticas, porém igualmente saborosas, Dorothy dá uma estocada que se tornará clássica: 'O romance entre Margot Asquith e Margot Asquith permanecerá uma das mais encantadoras histórias de amor da literatura.' "

5.5.01

.#INTRODUÇÃO A UMA CRÍTICA DA LITERATURA POP
por Daniel Mojo Pellizari

Literatura pop: nos últimos meses um quinhão da internet
brasileira foi tomada de assalto por este termo. Servindo de
rótulo para um conjunto de textos veiculados em websites e
e-zines (inclusive com algumas aparições no COL), é um
material que de certa forma apresenta uma unidade estética e
temática, mas que pode ser dividido em dois grupos genéricos
a partir da análise dos trabalhos de cada autor.

Em primeiro lugar vêm aqueles que de modo algum estão
fazendo literatura. Sendo um meio de comunicação cujo
suporte principal ainda é o texto escrito, a internet
obviamente estimula seus usuários a se expressarem desta
forma e até a explorarem técnicas até então deixadas de
lado, como a narrativa de ficção. Se por um lado isso traz
algumas vantagens que fogem a esta discussão, por outro
também cria aberrações, como o surgimento de uma horda de
"escritores pop". São autores de textos muito semelhantes
entre si, que utilizam quase exclusivamente o narrador em
primeira pessoa, com virtual ausência de conflito ou
subtexto. Estas características visivelmente não são
motivadas por decisões técnicas, mas por puro
desconhecimento dos mecanismos e truques de uma boa
narrativa. A primeira constatação que vem à cabeça ao ler
esses textos é óbvia: falta leitura a seus autores. E, se
existe uma verdade neste mundo, é o fato de que é
praticamente impossível alguém se tornar um bom ficcionista
sem possuir uma carga considerável de leitura. É como querer
ser músico sem ter o hábito de escutar música. Poucos gênios
são capazes de um feito semelhante, e no mundo literário da
internet em língua portuguesa ainda não apareceu gênio
algum, apesar de muitos autores serem excelentes. Sem
leitura o autor não tem referências, e um autor de ficção
sem referências não passa de um amador. Os próprios beats,
que criaram uma literatura verdadeiramente pop sem perder a
qualidade artística, eram leitores vorazes, assim como
Charles Bukowski, que pessoas desavisadas podem considerar
um tosco, mas que era muito consciente dos processos
narrativos que utilizava. Isso não se aplica a este grupo de
autores, e um dos resultados dessa deficiência é o fato de
que muitos destes textos se apresentam como contos, mas não
passam de simples relatos. Sâo válidos como fonte de
satisfação pessoal, catarse (como no caso dos diários
pessoais ou sua forma pós-moderna, os weblogs) ou até mesmo
exercícios de iniciação literária, na melhor das hipóteses.
Mas, no fundo, é apenas diletantismo. Ser autor de um texto
desses e sair por aí se dizendo escritor e acreditando que
se está fazendo literatura - mesmo "pop" - é de um exagero
quase caricato. Muitas pessoas têm dificuldades em entender
(ou resistência em aceitar) que a literatura é uma arte com
regras e técnicas específicas, que todo escritor deve
conhecer e se possível dominar, mesmo que seja para quebrá-
las. São essenciais para seu trabalho, na mesma medida que o
talento - com a diferença de que esse é inato e não tem como
ser obtido através de estudo e prática. Sem método ou um
anti-método - que exige conhecimentos do método -, não há
literatura.

Mas existe outro grupo de autores da literatura pop de
internet que produz textos que possuem características
literárias, em maior ou menor escala. É visível que estes
realizam seu trabalho de uma maneira mais consciente, mas
mesmo assim, com algumas exceções (como, por exemplo, Indigo
e Gustavo Fischer), ainda não apresentaram um conjunto de
textos que tenha consistência ou qualidade digna de nota.
Existe uma espécie de "despretensão pretensiosa" neste grupo
de autores, o que, junto com semelhanças temáticas, cria um
paralelismo entre eles e a segunda e terceira geração do
romantismo brasileiro. Apesar de (ainda) não ter surgido um
autor de literatura pop que faça uso da poesia como
linguagem, está tudo ali: a subjetividade extremada, as
primeiras pessoas, o "amor" como tema dominante (e a sua
impossibilidade surgindo com freqüência), personagens
masoquistas, de uma passividade quase bovina, isso sem falar
em uma estrutura muitas vezes folhetinesca (utilizada sem
fins satíricos ou paródicos). Não é necessária uma análise
muito profunda para constatar que não há muita diferença
entre os textos desses autores e muitos dos folhetins
românticos publicado neste país no século retrasado, e
existem semelhanças até mesmo com os livrinhos de "histórias
de amor" vendidos em bancas de jornal. Praticamente mudam
apenas as referências culturais e diversas características
sociais, mas a psicologia dos personagens é extremamente
semelhante, ainda que não se tenha visto um personagem de
literatura pop morrer de amor -mas eles chegam quase lá.
Sendo assim, o que chamam de "literatura pop" poderia ser
chamado de "neo-romantismo", ou de "quarta geração tardia".
Como se sabe, o romantismo não é conhecido exatamente pela
excelência literária, apesar de ter sido importante dentro
de seu contexto histórico. Mas o que pensar de um
"movimento" que o ressuscita e o recauchuta para consumo
rápido no início do século XXI? O problema está nos autores
que o representam, ou eles apenas estão cumprindo seu papel
de escritores e refletindo uma espécie de período emocional
regressivo da sociedade ocidental?

Pode-se afirmar que a maioria destes autores não está
pretendendo criar nada além de puro entretenimento. Até aí,
nada de errado, apesar de muitos deles esquecerem que até
para simplesmente se contar uma boa história é necessário
saber contá-la, ou seja, ter intimidade com o meio que será
usado como suporte. Certamente deve-se levar em consideração
o fato de que a maioria destes autores está se iniciando na
prática da narrativa, e que são apenas vítimas das
facilidades de publicação oferecidas pela internet. Este é
um dos fatos que dá pertinência a este texto. Se por um lado
Goethe foi capaz de perpetrar um Werther na juventude, por
não mais que pura falta de crítica, mais tarde teve a
lucidez de lhe renegar qualquer relevância. Também é
possível considerar que estes autores estão realizando uma
espécie de crônica despretensiosa acerca de um determinado
segmento social de uma geração. O problema é que se está
perdendo uma boa oportunidade de utilizar a ficção como
instrumento de crítica e análise. Não podemos perder de
vista que a literatura é uma forma de arte, e como tal deve
possuir algum mérito estético aliado a um mínimo de
questionamento sobre a experiência humana. A iniciativa de
se tentar criar uma literatura pop, apesar de não ser
inédita e revelar um certo desconhecimento sobre a história
da literatura, é digna de respeito - principalmente no
Brasil, um país que por diversos motivos ainda trata o
ofício de escrever com uma reverência exagerada, beirando a
mitificação. Mesmo assim, isso não é motivo para tratar a
matéria de forma quase niilista, perdendo todas as
referências sobre a arte literária, seu método e seu
potencial de causar reflexão. Nem tanto, nem tão pouco.
Quando teve suas formas eruditas e populares adequadas à
indústria cultural, a música não perdeu necessariamente suas
características de arte: o jazz seria o melhor exemplo se a
história do rock não pudesse fornecer provas ainda mais
contundentes. O problema é que a maior parte da "literatura
pop" produzida neste país e divulgada na internet tem mais
pontos de contato com o pagode romântico, a música enlatada
e as boy bands do que com as formas citadas anteriormente.
Trata-se do pop do pop, um produto kitsch e sentimentalóide,
o rebotalho da indústria cultural.

Muito alarmante e sintomático é o fato da literatura pop de
internet ser extremamente descartável, mesmo para um
"estilo" que se anuncia como imediatista e sem grandes
pretensões de perenidade. A maioria dos textos, além de
demasiadamente planos, não possuem qualquer germe de
estranheza ou questionamento, servindo como uma espécie de
espelho onde o leitor encontra algum tipo de consolo. Sendo
a literatura, assim como as outras artes, um instrumento de
reflexão, não pode ser reduzida a um coro de contentes sem
perder suas qualidades criativas e seu potencial
transformador. Bons contos, romances e novelas devem fazer o
leitor questionar ou ver de formas diferentes a si mesmo e
às realidades que o cercam, ou não passam de um agrupamento
estéril de frases bem-colocadas, onde o leitor pode se
reconhecer facilmente para esquecer em seguida e voltar à
sua rotina sem grandes sobressaltos. A boa literatura deve
surpreender o leitor, intrigá-lo, quebrar suas expectativas,
e não simplesmente dar-lhe o que deseja, acredita e já
conhece, reforçando seus conceitos e preconceitos e, no caso
do neo-romantismo, seu conservadorismo, sua superficialidade
que beira o fútil, seu egoísmo, seu consumismo, sua
passividade, seu narcisismo e sua lamentável castração
emocional. Vazia em questionamentos sobre a sociedade de
consumo, a "literatura pop" tende a mediocrizar o leitor,
consolidando uma visão de si mesmo como apenas um consumidor
vitimizado, sem capacidade de reação. Mesmo que isso seja
apenas um reflexo do estado psicológico de um setor de nossa
sociedade, como considerei anteriormente, e principalmente
neste caso, a literatura deveria servir como instrumento de
contraste, e não de confirmação. Mesmo que o autor trabalhe
com a identificação entre personagem e leitor, deve haver
sempre espaço para o estranhamento, pois é dele que nasce a
capacidade de fazer, como disse William Burroughs, com que o
ser humano enxergue o que não está vendo, e a partir daí
tome atitudes.

Fruição estética, estímulo da imaginação, visão crítica,
transformação interior, reconstrução do mundo. Este é o
papel da boa arte. Nada impede que sejam usados elementos da
indústria cultural como referências na sua produção, pois
não faltam exemplos para demonstrar que isso é até saudável
e pode lhe conceder maior potencial crítico. O problema está
em submeter a literatura por completo à lógica dessa
indústria, a ponto de coisificar a obra literária até fazê-
la virar simples produto, transformando em pura fonte de
distração o que deveria prover interação com o mundo, a
sociedade e seus significados. Não é uma questão de ser
contra a literatura pop de internet, mas sim de combater a
má literatura onde quer que ela surja. Não é uma questão de
ser contra o sentimentalismo, mas sim de promover a
dignidade. Não é uma questão de ser contra o entretenimento
puro, mas sim de recuperar o papel revolucionário da arte.
Precisamos de obras que nos fortaleçam e nos tornem mais
capazes de analisar, compreender e modificar o mundo em que
vivemos, não de simples produtos que nos deixem conformados
e incapazes de mudar coisas mínimas como nossa capacidade de
lidar com frustrações. É este o caminho que qualquer um que
esteja se iniciando ou se aperfeiçoando em alguma forma de
arte deveria seguir. Ou queremos mesmo viver e ser lembrados
como uma geração de bundões?

Na realidade, a arte situada entre o
mundo do bom gosto e o mundo do
sentimentalismo não pode desempenhar
a função social. Torna-se instrumento
de alienação.
-jayme paviani, 'estética mínima'

---dani .el mojo. pellizzari
Velha

-- letter of September 28 1814

"By the bye, as I must leave off being young, I find many Douceurs in being a sort of chaperon [at dances], for I am put on the Sofa near the Fire & can drink as much wine as I like."

Jane Austen

3.5.01

Tristezinha besta

O pau come no mundo mas e daí, quanto mais a coisa fica preta (aprendi), mais o werther sofre com frescura. Num tô dizendo que ele era crasse média. Aquele lá seria inclassificável dentro dos padrões da ordem vigente politicamente correta.

Juju, cê já andou procurando o teu Crack-Up? Rá! Como é que o "fitzxxxgerald" falava o próprio nome quando tava bêbado? Precisava de alguém pra apresentar ele às outras pessoas, senão só podia dar o outro nome, mas provavelmente Scott soaria como "scotch" e a situação não ficaria menos chata. Eu avisei que eu ia levar o livro, você nunca me escuta... que bom que eu roubo as coisas de você com tanta facilidade porque tô precisando dele agora.

"Of course all life is a process of breaking down, but the blows that do the dramatic side of the work - the big sudden blows that come, or seem to come, from outside - the ones you remember and blame things on and, in moments of weakness, tell your friends about, don´t show their effect all at once. There is another sort of blow that comes from within - that you don´t feel until it´s too late to do anything about it, until you realize with finality that in some regard you will never be as good a man again."

n.p.: e nem te conto do vinho com pedaços de rolha...

2.5.01

Pega aqui, ó

O Daniel baixou Na Pista no Audiogalaxy.com, gostou e até comentou no blog, assim como o Titi, o moço do Catarro, o Eduf e o Audrin :-)

Por que o (a) amigo (a) aí na frente da telinha também não experimenta? É a primeira música de uma série que tô gravando com o 4track valsa em estúdio e sei que eu pareço um disco arranhado quando digo isto duas, três vezes por semana aqui no blog mas vai lá, vai, gracinha, dowloadeia aê.

30.4.01

Amon Tobin

Liberdade é passar a mão na bunda do guarda e dançar drama e beiço. O único som pra dançar de qualquer jeito MESMO é db: dança da chuva, samba, pulinhos bizarros sacudindo os braços pra tudo que é lado, precisa nem estar no ritmo. Vi de tudo e tudo tá valendo. Mas tinha que rolar num lugar mais ventilado, que aquele cinema não é mole de aguentar não. Lembro do Marky, que pra curtir a gente teve que ignorar 40 graus e a cerveja que esquentava já no trajeto bar-pista. Comparativamente, até que no Tom Jobim tava vazio. Deve ter sido porque os seguintes pélas deram o bolo e foram guardar lugar na fila pra ver Backstreet Boys:

Soube que o puto do Nicholas tava no Rio e decidiu não aparecer no Íris; Juliana e o Tiago simplesmente não deram as caras. MaCals, meu parceiro de pista do terraço também não foi. Chuif. Assim num dá.

26.4.01

Audrin

O blog desse maluco é beleza.
LOUD

Tom Jobim na pista eletrônica. Quem vai?
U So Fyne

Essa quem me passou foi a Thata, que tá lá nos Miami fotografando chicos. Ela achou que parecia com meu tipo de senso de humor.

Trata-se do U So Fyne, um dispositivo levantador de moral através de e-mail, manja?

Experimenta, mal-comido: U So Fyne

25.4.01

Palavra

Escrever, com a intenção ou não de ser publicado e lido, é uma escolha e um posicionamento. É pedir muito a pessoas que fazem parte de um movimento literário, por mais despretensioso que seja, pensá-lo criticamente (no que há de positivo e de negativo)?

Palavra e discurso são análise, são escolha e política até em se tratando de Paulo Coelho. Por que não seria assim conosco? Vejo jornalistas "inocentemente" apontando falhas em nós quando não pedimos para ser chamados de nova geração de nada e isso me deixa puta porque poderia ser evitado com discussões mais abertas. Infelizmente, elas acabam confundidas com acusações, como se o seu propósito fosse o de tolher a criatividade de alguém. Podem me chamar de antiquada mas eu continuo achando melhor pensar sobre o que se escreve. Senão é psicografar.
Casa, comida e roupa lavada, Jaguar!

Comprei Ipanema, livreto do Jaguar sobre o bairro carioca, faz um tempo e esqueci de escrever sobre. Não há muito o que dizer, exceto que só me caso no dia que eu encontrar alguém que me faça rir como o Jaguar.

Procurem:
Editora Relume Dumará, série Contos do Rio.
Fred 04

"Está na hora de repensar a lógica da indústria do entretenimento, de monocultura basta a cana-de-açúcar".

24.4.01

ET telefonar casa

Há algumas LOUDs (mais precisamente na do show do B Negão) eu tava fazendo dança da chuva na pista de drum and bass que fica no terraço do Íris com um amigo sem blog, o MaCals. Lá pelas tantas a gente reparou num cara de blusa laranja fazendo uma dancinha muito mais bisonha ao redor da gente. Passou a noite se sacudindo desorientado, acabou ganhando apelido: virou planetinha porque parecia um planetinha fora de órbita (coisa mais tchôla, eu sei). Com balé esquizofrênico e tudo, era um cara simpático. Com umas dez latas de cerveja a menos no organismo, é um cara interessante. Já vi ele sóbrio em alguma aula na faculdade.

Ninguém viu um cara assim por aí?

21.4.01

Traduções

Parei com esse negócio de conto basicamente porque eu acho uma merda escrever "baseado" numa conversa de boteco mudando o nome do Orlando pra Zé porque Zé fica mais natural do que Orlando (cê já viu personagem do Veríssimo se chamar Orlando?) com uns trechos sampleados do péla Werther. Decidi voltar às traduções de poetas do século retrasado que sempre me trouxeram grande satisfação, embora eu coma muito menos gente agora do que costumava comer quando eu escrevia sobre a minha vida fingindo que falava da vida dos outros. Pra não recair neste horrível vício do escritor internauta muderno que é escrever sobre si mesmo e o bicho de estimação pulguento que o atura recitando os textos dos amigos, aí vai a versão livre e interpretada de um poema da jovem feminista Cerys Matthews, que pregava (hmmm) que uma mulher atende qualquer pedido no dia que ela descobre que cabe de novo em uma calça 36.

I'd rather be liberated,

Sou mais tu me liberar hoje e eu dobrar na Segunda

I find myself captivated

Tô me sentindo em cativeiro

Stop doing what you , Keep doing it too

Pára com ilson, deixa dilson

I'd rather stay bold and lonely,

Prefiro ficar careca e sozinha

I dream I'm your one and only

Do que trabalhar Sábado à noite

Stop doing what you... Keep doing it too

Bicho...

Things are getting strange, I'm starting to worry

O servidor saiu do ar

This could be a case for Mulder and Scully

“Chama o técnico”, tá brincando, hoje é SÁBADO

Things are getting strange, now I can't sleep alone

O site saiu do ar e eu tô aqui sozinha

I'd rather be jumping ship,

Eu preferia pular da janela do escritório

I find myself jumping straight in

Quem sabe se você ´tivesse saindo do prédio, eu caía na tua cabeça

Stop doing what you... Keep doing it too

Peida não...

Forever be dozy and dim

De agora em diante só trabalho doidona

I wake myself thinking of him, lalalalalalala...

Vou fumar um todo dia no almoço, lá lá lá lá...

Stop doing what you... Keep doing it too. lalalalalalala

E bater a cinza... No teu teclado anatômico, lá lá lá lá

Things are getting strange, I'm starting to worry

Bolei, o site tá fora do ar

This could be a case for Mulder and Scully

Cadê o palhaço que mexe nisso?

Things are getting strange, now I can't sleep alone...

Ele é bizarro, dá medo de dormir sozinha depois de ver o cara

Here, my bed is made for two and there's nothing I can do

Na minha cama só aparece cachorro e pulga mas eu não encaro esse não

So tell me something I don't know

Mas diz aí, que é que eu faço

If my head is full of you is there nothing I can do?

O CACHE tá cheio mas não consigo deletar os arquivos

Must we all march in two by two by two?

Fala sério, tô aqui desde as duas, desde as duas

And as for some happy ending, I'd rather stay single and thin

Não, o que eu disse foi que tu podia me pedir qualquer coisa hoje porque eu tava feliz que entrei numa calça 36 que não cabia em mim desde o ano retrasado mas trabalhar sábado é sacanagem

Stop doing what you... Keep doing to me

Não tudo bem, eu não ia fazer nada mesmo

Things are getting strange, I'm starting to worry

Hoje nem tem LOUD

This could be a case for Mulder and Scully

Vou ligar pro técnico, ele é tão feio que num deve ter nada melhor pra fazer hoje

Things are getting strange, now I can't sleep alone here

Vou passar a noite aqui com aquele sebento

Things are getting strange, I'm starting to worry

Pior que já tô doidona, se ele chegar junto fudeu

This could be a case for Mulder and Scully

Fudeu

Things are getting strange, now I can't sleep alone

Num é que o cara veio?

So what have you got to say about that?

Oi, gatinha, cê vem sempre aqui?

And what does someone do without love?

Que que cê tá fazendo aqui sozinha, meu amor?

And what does someone do with love?

Dá um beijinho aqui que eu boto o site no ar

Paris é uma festa mas a doorgirl me barrou

Como é do conhecimento de quase todos tranquei matrícula na faculdade de jornalismo para me dedicar a escrever críticas de letras de música, que passam a ser publicadas na The Transatlantic Review. Além disso, estou temporariamente alucinando e me sento todos os dias na Praça Paris bebendo vinho Dom Bosco direto do gargalo e acreditando estar em Montparnasse, onde espero por Miró para tramar uma maneira de quebrar as guitarras dos cubistas.

Em primeira mão, excertos da minha nova linha de trabalho: uma análise da tradução livre de “No Surprises”, do jovem poeta inglês Thom Yorke de Radiohiddeous:

A heart thats full up like a landfill,

Um coração lotado como um acampamento de sem-terras,

a job that slowly kills you,

Um estágio que não dá ticket-refeição, e por que diabos eu tenho que tomar decisões de marketing se sou redatora?

bruises that won't heal.

Herpes genital.

You look so tired, unhappy,

Você me olha como se eu fosse a Zezé Macedo,

bring down the government

Joga ovos no Serra

They don't, they don't speak for us

E depois diz que não participo das reuniões do Centro Acadêmico porque sou uma burguesinha diletante.

I'll take a quiet life,

Eu vou tomar um Lacto-Purga

A handshake some carbon monoxide,

Cheirar benzina com os calouros de Psicologia,

no alarms and no surprises X 3

Eles pelo menos tomam banho três vezes por semana

Silent, Silent

E nem reclamam, E nem reclamam

This is my final fit, my

E digo mais: esse aqui é Marcelo, meu

final bellyache with

personal trainner, e ele tá me comendo

no alarms and no surprises

sem surpresinhas do tipo que as mulheres não gostam de ter quando dão pra alguém, se é que você me entende

Such a pretty house

Que casinha maneira, hein? Vai herdar do teu pai?

Such a pretty garden

Posso assentar uns sem-terra no seu jardim?

no alarms and no surprises

Tem alarme contra ladrão?

“No Surprises” (“Nem Vem Que Não Tem”) foi a primeira tentativa de Yorke de Radiohiddeous usando a voz feminina. Foi também a última, já que todo mundo achou meio ridículo um marmanjo daquele falando fininho. O tema causou celeuma: luta de classes e doenças venéreas sempre foram assuntos controversos na Inglaterra. Mas deve prevalecer sobre qualquer ataque a ousadia com que o autor soube abordá-los.

Na semana que vem, “Beggar´s Banquet” – Rolling Stones (“A gente é pobre mas é limpinho”).







20.4.01

Loopcínio Rodrigues

Bicho. Fui ler as letras do Loopcínio Rodrigues e até eu fiquei triste. Não coloquei o vinil pra girar porque temi um acesso suicida. Saca só:

Vingança

"Eu gostei tanto
tanto quando me contaram
que lhe encontraram
chorando e bebendo
na mesa de um bar
e que quando os amigos do peito
por mim perguntaram
um soluço cortou sua voz
não lhe deixou falar
(...)
O remorso
talvez seja a causa do seu desespero
você deve estar bem consciente do que praticou
me fazer passar essa vergonha com um companheiro
e a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou (...)"

Esses moços, pobres moços

"(...) Se eles julgam que a um belo futuro
só o amor nesta vida conduz
saibam que deixam o céu por ser escuro
e vão ao inferno à procura de luz"

Loopcínio era muito metal. Ou, como diria o Tiago: o Ian Curtis de seu tempo... Parei por aqui pra não deprimir ninguém :-p

Pra animar, uma história pedô sobre Loopcínio:

- Me vende um cachinho. Eu pago $900 por um cachinho seu.

Em Santa Maria, era a brincadeira que o Cabo Loopcínio fazia com sua vizinha; uma menina de três anos chamada Cerenita. Quinze anos depois, o compositor Loopcínio casou com a menina dos cachos dourados (epa) pondo fim a sua carreira de celibatário (!)



No Napster ou no Audiogalaxy

Na Pista, primeira música do 4track Valsa mixada da leva que estamos gravando no Estúdio Mills. É pra uma coletânea alemã.

Dá pra baixar inteira. Acho que tem grave demais e o solinho da Fafá pede tratamento, vamos mudar esses detalhes antes de fazer o CD. Baixem lá e me digam o que acharam, oqueeei?

Mais uma do PF

Há dois dias que não falo com ninguém e não vejo a cara de ninguém. Por comparação, estou me achando ótimo.
Vazou faixa nova do Weezer

Develly avisa pros fãs de Weezer: WEEZER GREEN TRACK é a faixa do próximo CD da banda que anda circulando no Napster. Não aceitem imitações. Tem muita coisa que aparece como sendo do disco novo e é balela. Safe download pra todo mundo.

19.4.01

Maybe I´m Amazed

Paul McCartney nunca pára de me surpreender. Gravou uma faixa com o Super Furry Animals no último disco da banda. Sua participação consistiu em mastigar aipo no ritmo da música.

Da cortiça à esquerda desta mesa em que trabalho ele me olha e diz: "É só porque eu posso".

18.4.01

Joey Ramone

Pelo meio da tarde eu já teclava sem muita convicção quando ouvi aquelas notinhas agudas, som contínuo, muito conhecido, insistente, non-stop. Olho pela janela do quarto onde eu trabalho e vejo ele lá embaixo, um bicho pequeno e remelento. Ah, e a barriga de verme. Todo filhote de gato de rua tem barriga de verme, especialmente os que as pessoas costumam jogar dentro da minha casa. Peguei Joey Ramone no colo (vocês não têm noção do alcance vocal da criança, poderia ter gravado todos os álbuns dos Ramones em miados num dia que não ficaria rouco) e pus dentro de casa.

Minhas duas gatas começaram a baixaria: a mais brava picotou com os dentes uma planta que venho tentando deixar crescer em volta da escada que leva da sala aos quartos e a outra limitou-se a estender as patas dianteiras sobre a porta numa típica cena "ou ele ou eu". Pus o bicho no banheiro da área. Mesmo isolado por duas portas (banheiro e área), ainda dava pra ouvir a poderosa voz de Joey. As gatas tocavam o zaralho na sala em protesto. Liguei pra minha mãe e contei sobre a crise. Com especial cuidado, mencionei o status da planta que deveria crescer em volta da escada na sala: parecia confeti espalhado pelo chão.

Joey ainda tá no banheiro lá fora, devidamente alimentado e sem remelas agora. Minhas gatas tomaram toda a cama como forma de compensar a afronta que Joey representa. Minha mãe tentou remover a gata brabinha do travesseiro para, quem sabe, se deitar numa ponta, mas ela rosnou. A outra já se deu por vingada ao ocupar metade da cama mas a preta não vai esquecer isso tão cedo. Vou postar uma foto dela aqui pra ver se ela me perdoa por ter feito essa coisa estúpida e egoísta que é acolher um gatinho faminto. Me perdoa, filha?


14.4.01

Tá interligado, tá tudo interligado!

"Na era da informação, informação tem que estar disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana: é isso que 24/7 quer dizer, e que já dizia para eletricidade e telefone, por exemplo. (...) Ao invés da informação estar por aí em regime 24/7, nós estamos começando a trabalhar o tempo todo, todos os dias da semana, para que ela esteja, ou em função dela estar." => tá em www.no.com.br, tecnologia.

E a gente já não sabe disso? Se eu conecto Sábado à noite ouvindo a trilha do High Fidelity e descubro uma falha em qualquer coisa do site em que trabalho, eu conserto. De roupão e cantando "understand it, suuuugar..." mas conserto. A gente não pára de trabalhar. Da mesma maneira que, trabalhando durante a semana, bato papo com os amigos no ICQ como se estivesse no boteco. Tem um lado bom e tem um lado ruim nesse lance de interligar tudo, então, beibi.

"Eu sou feio... mas sou bonito!"

Novo disco do Wander Wildner. Fala, Wander:

"Bueno!
Depois de um longo período de espera para finalizar o lendário cd "Para-quedas do Coração", sem sucesso, resolvi dar um basta na situação. Me desliguei da gravadora Trama e dei um tempo para Tom Capone, produtor do Para-quedas. Livre, criei um novo disco, meu terceiro solo." O disco é lançamento independente da Punkbrega e da Barulhinho Records. Bonitão. Boa sorte.

A capa foi inspirada em alguma do Aphex Twin?


13 de abril de 1981

Juju, cê sabe o que o Andy tava fazendo no dia do teu aniversário em 1981?

"Fiz as malas de manhã, depois tomei um Valium e dormi profundamente. Fred bateu na porta e Chris Makos ligou, já pronto para ir. Chris é a companhia perfeita pra mim. É tudo o que sempre quis. É ativo, mas aí não é ativo. E é uma criança. Vai à festa de sexo e volta satisfeito, de alma lavada, e está bem apaixonado por seu amante, Peter, é muito atencioso, e quando vai aos lugares fica só esperando hora de ir embora - exatamente como eu - e me faz correr por todos os lugares, embora agora ele é que me faça carregar sua mochila. Não me importo, porque é tudo excitante e me faz sentir jovem. Ofereci uma recompensa a Chris - o relógio de pulso que ele quer - se conseguir que Jon Gould se apaixone por mim. É confuso, porque Jon tenta manter uma imagem de hetero, me diz que não é gay, que não pode... mas, quer dizer...

Voamos de concorde, cheguei em casa às 9 em ponto. Telefonei para Jon Gould e ele disse que não podia conversar, que a banheira estava transbordando.

De táxi ($4) até downton. Conversei com Marc Balet, que estava no escritório, ele projetou o catálogo da agência Zoli onde colocaram minha foto - o catálogo de modelos. Já me ofereceram trabalho, agora sou oficialmente modelo.

Doria Reagan veio trabalhar. E aí quando olhei pela janela e vi Ron andando pela rua sozinho e vestindo vermelho berrante e, quer dizer, se eu conseguia identificá-lo da janela... E Doria sabia onde estavam todos, ela disse, "Há três homens do Serviço Secreto na frente e quatro atrás". Vieram pela escada porque o elevador está estragado.

E aí eu queria ver Barbara Stanwyck à noite no Lincoln Center, vão dar o prêmio anual da Film Society para ela, e liguei para Sue Salter, a relações-públicas, e ela foi podre: "Ah, querido, estamos com lotação esgotada", e eu disse para ela, você sabe "Nós já fizemos tanto por vocês", e ela disse que tentaria conseguir um ingresso mas que eu teria que pagar, e que poderia conseguir dois ingressos, mas que custariam 250 dólares, e eu disse, "Está ótimo". Ao menos agora não vão mais poder pedir favores. Talvez a melhor coisa seja sempre pagar e aí ninguém pode pedir nada em troca. Mas ano passado me deram ingressos grátis.

Jon Gould pediu que eu fosse buscá-lo e Chris Makos e eu caminhamos até o Alice Tully Hall e havia uma porção de lugares vagos e fiquei realmente odiando Sue Salter do fundo da alma. Pelo menos os lugares eram bons, fila J. E as cenas de filmes de Barbara Stanwyck eram óimas, embora tenha ficado chato porque repetiram sempre as mesmas. Às 11h30 Chris me deixou."
"Eu gosto de Elton John"

A coisa, dita de qualquer maneira, soa grave como a confissão mais sinistra. Começou com a trilha de "Quatro Casamentos e Um Funeral". Tinha lá o "Crocodile Rock" e a cover de "But Not For Me", by Elton John. Fui ouvindo aquele negócio, notei que era uma constante o vinil (é, vinil que sou arcaica mesmo, compro aos montes) rodando lá no meu quarto, eu sempre cantando aquilo no chuveiro com um gooooosto... aí o caldo entornou de vez quando saiu o "Quase Famosos", que traz a brilhante "Tiny Dancer". Chora, cavaco.

Só na semana passada que tornei pública esta minha falha de caráter. Disse em voz alta, no corredor do supermercado: "Descobri que eu gosto de Elton John". Meus amigos ensaiaram um apoio, dizendo que ele era legal. Por dentro, o temor de que eu apresentasse uma coletânea do cantor para girar no player do carro na viagem de volta pra casa os consumia.

Feliz aniversário, Juju

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão como tenho deitado a vida).

10.4.01

Filmes educativos

Se O Marido Atender, Desligue (19/04 às 20h no TCHappy)
O (a) amigo (a) manja a Sandra Dee? Pois é. Nesta comédia tipicamente 60´s, ela faz o papel de uma moça casadoira que, ao finalmente agarrar um marido, treina o cujo segundo um livro de adestramento de cães cedido por sua mãe, que vive um casamento feliz com o papi há vários anos.

Se Meu Apartamento Falasse (25/04 às 17h, no MGM)
Marilyn Monroe. Peitões e história sobre homem casado querendo comer a vizinha. Enfim, diversão para toda a família.

Harry & Sally(17/04 às 21h45 /// 18/04 às 06h25 /// 21/04 às 18h20 no TCHappy
É verdade que, com esta comédia, Nora Ephron e Meg Ryan ajudaram a perpetuar um romantismo fatalista com raízes em Jane Austen (todo construído em cima da idéia de que existe Uma Pessoa Certa para cada um) na cabeça das mocinhas da década de 80 e ainda pescaram uma otárias nos anos 90 com comédias menores como Mensagem Pra Você. Mas Harry & Sally é clássico. Se tu não gosta é porque tem as tripas misturadas com o coração. Ei. É, você mesmo, mané. Não vai me chamar pra ver isso na tua casa, não? Eu levo pipoca de microondas... um par de algemas... hein? hein? Um pouquinho de romance não faz mal a ninguém.

9.4.01

It´s a will to be shown to someone I don´t know

Blog é isso? Igual àquela musiquinha, "Round & Round", do New Order?

Ou é só um jeito de não pagar 50 pilas
por consulta praqueles felasdasputas?

Ontem no japonês uma amiga me deu um sashimi
e a notícia de que foi aprovada uma lei
que proíbe a internação dos maluquinhos.

Isso mesmo. Acabou esse
negócio de depositário de maluquinhos com
tratamento desumano. O cara que surtar agora
vai lá no hospital, toma um remedinho e vai pra
casa. Eu aprovo.

Ninguém fica melhor tomando
eletrochoque, dopado 24h por dia
ou passando necessidade em
um lugar sujo. Quem quiser ler mais o que
eu acho sobre loucura e internações,
é só pedir texto pelo email: xperienz@gogo.com.br

N.P.:
Acordei 80´s hoje. Já rolou Blitz e agora tô no
New Order.

Incorformados

De Hélio Pellegrino pros artistas: "Esse mundo, tal como está, precisa explodir. A crise, hoje, é uma crise radical. (...) O artista pode ser tudo o que quiser, menos bem comportado. Sua tarefa consiste em, dar um testemunho ardente da sobrevivência do homem. Essa sobrevivência, hoje, pode ser afirmada através de um inconformismo que chegue às últimas conseqüências. A respeitabilidade, em nosso tempo, é pior que o pior palavrão".

Tem também a frase do Paul McCartney: "Some people wanna fill the world with silly love songs."

Mais cervejas que Austen

Platônico is the way to go, claro, li Jane Austen ainda pirralha,
mesma época em que tomei as primeiras cervejas, deu nisso.

Em ordem de desacontecimentos:

Eu vejo, gamo, converso, babo e depois
de um período que pode durar de seis meses
a dez anos, ele resolve que eu sou bacana.

Incompetência minha? Mais elegante dizer que
é timidez. Descobri que falo alto e sou
simpaticona quando tô com mais cagaço das pessoas,
o que é uma forma de timidez.

6.4.01

Bacalhaus of the world, unite and take over

"Olhando os bagulhos abundantes nas ruas de Nova York da janela do táxi, concordo com William Raspberry, colunista, que a camada que mais sofre discriminação no mundo é mulher feia. Se for talento, não vale, claro, mas pensem na criatura comum. Quem a defende?" Isso lá é verdade, Paulo Francis. Onde existe ONG pra mulher feia? Não tem.

Lembre-se: Barangose Aguda tem cura. O que não tem cura é o preconceito.

5.4.01

Manhattan está afundando como uma pedra!

Quem leu o jornal (ou o Millôr e o Gaspari, melhores que o jornal todo)
ontem sabe que não é só Manhattan. A partir de Washington,
irradiando para o resto do mundo, Bush vai levar nos todos
pelo cano de esgoto, favorecendo os interesses das
mega empresas mais poluentes do planeta - todas americanas -
que puseram dinheiro na sua eleição. Contra tudo, contra todos e contra o
Tratado de Kyoto. E daí que o clima esquente um pouquinho demais
nos próximos anos e nós comecemos a sofrer mutações genéticas
(em caso de sobrevivermos)? Deve ser um charme ter duas cabeças.

Manhattan está afundando como uma rocha é frase de
"Romeo had Juliet", de New York, disco
de Lou Reed que coloquei por não ter
encontrado o VU, do Velvet Underground.
O clima está mudando e é tempo de ouvir Velvet.
Mas meu disco sumiu. Só me sobra o New York, que
para uma sobra, é demais :-)

HMTL, BDL, aquilo na mão, a mão naquilo

Primeira vez aqui? Não estranhe o visual pobre do site. Eu prometo que vou ler as aulinhas do Terra Informática e aprender uma coisa ou duas sobre HTML pra melhorar o blog, oqueeei?

BTW, já viram oglobo.com.br hoje? Os infográficos não mentem:de acordo com o IBGE, são 78.470.936 homens pra 81.865.435 mulheres (deseseperadas). É, bicho. The thing is getting black.

n.p.: Billy Bragg "Must I Paint You A Picture"

4.4.01

"Você é sapatão?"

Hmmm. Não pensei que receberia um e-mail tão cedo sobre este site. Era só uma perguntinha sobre o conteúdo "altamente" (pffff) homoerótrico (gaaaah) de um dos parágrafos que eu tinha escrito. Bom, você não entendeu nada, beibi ;-p

3.4.01

I went to hell and back to see you smile

Vou contar pra vocês o que é estranho mesmo em ficar maluco. Não é a maluquice em si, o surto. Porque o doido, quando tá doido, não sabe o quanto não se enquadra, não tá nos trinques ou disfarçando bem como o resto do pessoal. O doido é aquele que tá tão cansado das coisas que parou de disfarçar bem. O estranho da doideira mesmo é o depois: quando, e se, você sai dela e saca o quão doido estava. Não tô familiarizada com o jargão nem com o que convencionam enquadrar como doideira das autênticas (nem quero estar por dentro, que esse povo puxa fumo de má qualidade, daí a mania de achar que a cabeça e os sonhos dos outros são um livro aberto e interpretável por qualquer cotia do Campo de Santana) mas ouvi dizer que deprê entra na agenda dos curandeiros de psiquê. Olha que até rima. Dá pra fazer um refrão. Depois eu vejo isso.