31.5.01

No meu cubículo ou no seu?

A partir de amanhã, volto a trabalhar no Voxnews. Tenho feito frilas em casa desde o fim do ano passado e neste período não atingi a maioria das metas que tinha me proposto quando deixei a vida nos cubículos de escritórios: não enriqueci, não encontrei o amor (mas o carteiro já me cumprimenta) e não terminei a faculdade (sugestões de monografia para pennylane@imagelink.com.br). Portanto, melhor voltar.

Trilha sonora do último dia de vagabundagem: 1. must i paint you a picture billy bragg // 2. milan madrid chicago paris j j johanson // 3. the bends 4. high and dry radiohead // 5. we can work it out beatles // 6. say yes elliott smith

28.5.01

Stanislaw Ponte Preta

"O único programa de televisão que começa e a gente não sabe o que vai acontecer é transmissão de jogo de futebol".
Vou dizer só quatro vezes

Ou deveria dizer quatro vezes três?

Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo! Mengo!

22.5.01

This mess we´re in

Faixa de Stories From The City, Stories From The Sea, PJ Harvey com Thom Yorke. É o bicho.
Trans Am

Som que massageia nos lugares certinhos. A frase é mais compreensível na platéia de um show do Trans Am, com duas xiboquinhas na cabeça.

O altão dos teclados já entrou pro top ten.

21.5.01

Níti é roque

(a leitura deste texto exige algum senso de humor)

"(...) podias até mesmo saquear com avidez todos os jardins da música, mesmo assim só conseguirias uma música imitada e mascarada (...)"

Com o estouro do "Quase Famosos", de Cameron Crowe, falam muito por aí em Lester Bangs, crítico de rock da revista Creem retratado no filme que não hesitava em mandar pra cucuia uma pseudo-imparcialidade jornalística, adicionando alto grau de maluquice aos seus textos. Mas nada disso é privilégio da era do rock. O século XIX, por estranho que isso possa parecer aos pós-modernos, teve lá também seu crítico de música piradão.

Nietzsche (de agora em diante Níti, porque é muito chato escrever um monte de consoantes) fez crítica rock´n´roll antes mesmo do advento das guitarras. A frase que abre a coluna (essa o Eduf sabe) não é de nenhum colaborador da Bizz detonando o Jota Quest em português arcaico. É Níti em O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música, seu tratado sobre o "otimismo trágico", a música enquanto um consolo metafísico que mostra como a vida, mesmo com tanta podreira, é poderosa e alegre. Níti até aplicou algumas vezes a manha tipicamente gonzo de sair do tópico no meio do texto: como em Ecce Homo, quando começa explicando porque escreve livros tão bons (sic) e descamba a falar mal das mulherzinhas (sic), a quem alega conhecer bem. Tá, num era exatamente gonzo, ele era só maluco mesmo. Mas escrevia apaixonadamente e sem rodeios, muitas vezes defendendo idéias absolutamente esdrúxulas (o mundo está decadente por falta de guerras, etc.), sempre com a mesma força.

Mas, ao Níti crítico de música:

Lá pelos idos de 1876, rolou um festival animadíssimo em Bayreuth, uma espécie de Glastonbury ou Rock in Rio, mas com ópera wagneriana noite após noite ao invés de rock, uma lou-cu-ra. Níti, como não poderia deixar de ser, foi conferir o show do seu ídolo de juventude. Certa noite do festival, lá pelo meio do Anel dos Nibelungos, começou a demonstrar insatisfação com a direção que a obra de Richard (Ricky) Wagner tomava: tinha virado uma coisa mais operística, diferente do lance inovador que antes o levara a apontar Wagner como fundador da única arte verdadeira. Enfim, o som do cara tava um saco, pasteurizado, nadavê. Imediatamente, Níti puxou o carro: "Seria loucura ficar aqui", escreveu ele. "Aguardo com terror cada uma dessas longas noites musicais. (...) Não aguento mais". Fugiu do festival sem avisar a Wagner, que ficou meio bolado com a atitude do Lester Bangs de Röcken (röck-en!) mas relevou porque sabia-o mutcho louco. Wagner tava em alta: Níti não curtiu mas o resto do mundo aplaudiu de pé.

Em Sorrento, pouco depois do festival de Bayreuth, novo encontro com Wagner, que estava compondo o Parsifal, uma obra meio de exaltação ao cristianismo. Níti foi embora novamente sem dirigir a palavra a Wagner e escreveu uma crítica ressentida e certeira contra Parsifal em O Caso Wagner: "(...) Wagner, um romântico decrépito e desesperado, desabou subitamente diante da Santa Cruz. Será que não houve um alemão para ver e, com piedade em sua consciência para deplorar esse horrível espetáculo? Serei eu, então, o único a quem ele fez sofrer?" Nossas publicações especializadas em música, inacreditavelmente brandas ao comentarem pragas radiofônicas impostas pelas gravadoras, têm o que aprender com a virulência de Níti. Diz de O Caso Wagner, em Ecce Homo: "Para fazer justiça a esta obra, é necessário sofrer a fatalidade da música como se fosse uma chaga aberta. De que sofro quando padeço o destino da música? Ressinto-me de que a música tenha sido privada de seu caráter afirmativo e transfigurador do mundo (...)"

No fim da vida, no entanto, doidão acima de qualquer suspeita contrária, tocando piano com os cotovelos, o crítico implacável deu lugar ao jovem fã ardoroso que um dia achara que seu compositor preferido ia salvar o rock, perdão, a arte. Certa vez, ao ver um retrato de Wagner, que já havia falecido, só pôde sussurrar: "Amei-o muito".






20.5.01

Anti-depressivos da semana:

O homem-macaco de Nova Délhi => "Dois já morreram em quedas do alto de edifícios ao se assustarem com gritos de que ele estava nas redondezas." (o foda desse lance do homem macaco e q a porra dos indianos tão pulando dos predios sem nem ver o bicho. basta um palhaço gritar: "olha o homem macaco!" q neguinho ja pula.).

A vida sexual de Kant => o maior mico da Veja desde o "boi-mate" (suposta cruza de boi com tomate manipulada geneticamente). Imperdível. procure na seção "livros" do no.com.br.

15.5.01

Pós-modernidade

"A aldeia é global mas ninguém come ninguém". Nem Baudrillard explicaria melhor a questão que o Millôr no Pasquim.

7.5.01

Sabbag

Palavras galantes no Spam Zine, Sabbag, brigada. Cê num é ciumento, Sabbag? Mas é romântico? Tô procurando um grande amor, sabe como é? pra assistir Bandido Da Luz Vermelha no Canal Brasil de mãos dadas suspirando.
Comediante e vedete

Meu comentário taquigráfico-saudosista publicado no Spam Zine de hoje e anunciado como minha "estréia" no mailzine não é nada senão uma gracinha pra seção achados e perdidos do Spam, a coluna mesmo era sobre ter os pés no chão quando os cadernos culturais começarem a chamar você, weblogger não-ficcionista avesso à narrativa, de escritor. Mas como o pau comeu antes mesmo de a coluna ser lida, saiu só aquele rabinho de (ARGH) confissão e agora quem leu a tal coluna diz "então é esta a merda que a menina tão crítica escreve"?

Fato é que, além dos meus contos, não escrevo muito mais que isso. Sei o limite destes contos: dariam bons roteiros pra comédias maluquinhas e só. Como literatura, é raso e não merece a denominação. Só vou escrever um livro depois de ler bastante outros tantos; escrever dança com S, só depois de ler Guimarães Rosa e poder garantir que não é erro ortográfico mas charme da língua inventado por ele, que dizia que o S dançava realmente, ao contrário do ç, que ficava lá paradão.

Não sou escritora até que escreva um livro bom.

6.5.01

Gláuber

"Arte só existe quando não há repressão. Mas aqui não se trata só da repressão das leis, dos códigos, da força: há também a repressão interna, o código interno."
Pepi, Luci e Bom

Fui ver este aí, do Almodóvar, ontem no cinema do Paço. Garota de 16 mora com travestis e uma dona de casa sadomasoquista, amiga de diletante que vira publicitária cheiradora de pó. O concurso de pau na festinha ao ar livre é hilário. Se passar perto de vocês, não percam (o filme, não o concurso de pau... corrigindo: cê que sabe).
TPM

A tal da Trip pra muié, TPM (links omitidos por razões óbvias), consegue errar no único quesito que não exige inteligência do staff, já que a revista não tem assunto mesmo.

A Trip é aquele festival bonito de chã, pá e acém em todos os ângulos, até frontal. Aí vou na TPM, onde o regalo seria um Rodrigo Santoro bombado de uns meses em academia da Barra da Tijuca, e nos negligenciam qualquer naco de carne do rapaz global.

Não tô pedindo nu frontal, não, tio. Pra isso tem a G Magazine. Só pedia uma barriguinha, as costas, os coxão, uma luz maneira e nada daquelas roupas Hermes e Renato que fizeram o sujeito vestir. E outra: J.R. Duran? Cacete, tinha ninguém melhor pra fazer essa bagaça não?

Taí, é castigo. Quem quiser chafurdar, que chafurde.
Paga por palavras

" 'Papai, o que é um otimista?' , pergunta Pat a Mike. 'Alguém que pensa que Margot Asquith não escreverá nunca mais' , responde o professor com a cabeça em outro lugar, enquanto remonta o gato e enxota o relógio." Depois de outras considerações mais análiticas, porém igualmente saborosas, Dorothy dá uma estocada que se tornará clássica: 'O romance entre Margot Asquith e Margot Asquith permanecerá uma das mais encantadoras histórias de amor da literatura.' "

5.5.01

.#INTRODUÇÃO A UMA CRÍTICA DA LITERATURA POP
por Daniel Mojo Pellizari

Literatura pop: nos últimos meses um quinhão da internet
brasileira foi tomada de assalto por este termo. Servindo de
rótulo para um conjunto de textos veiculados em websites e
e-zines (inclusive com algumas aparições no COL), é um
material que de certa forma apresenta uma unidade estética e
temática, mas que pode ser dividido em dois grupos genéricos
a partir da análise dos trabalhos de cada autor.

Em primeiro lugar vêm aqueles que de modo algum estão
fazendo literatura. Sendo um meio de comunicação cujo
suporte principal ainda é o texto escrito, a internet
obviamente estimula seus usuários a se expressarem desta
forma e até a explorarem técnicas até então deixadas de
lado, como a narrativa de ficção. Se por um lado isso traz
algumas vantagens que fogem a esta discussão, por outro
também cria aberrações, como o surgimento de uma horda de
"escritores pop". São autores de textos muito semelhantes
entre si, que utilizam quase exclusivamente o narrador em
primeira pessoa, com virtual ausência de conflito ou
subtexto. Estas características visivelmente não são
motivadas por decisões técnicas, mas por puro
desconhecimento dos mecanismos e truques de uma boa
narrativa. A primeira constatação que vem à cabeça ao ler
esses textos é óbvia: falta leitura a seus autores. E, se
existe uma verdade neste mundo, é o fato de que é
praticamente impossível alguém se tornar um bom ficcionista
sem possuir uma carga considerável de leitura. É como querer
ser músico sem ter o hábito de escutar música. Poucos gênios
são capazes de um feito semelhante, e no mundo literário da
internet em língua portuguesa ainda não apareceu gênio
algum, apesar de muitos autores serem excelentes. Sem
leitura o autor não tem referências, e um autor de ficção
sem referências não passa de um amador. Os próprios beats,
que criaram uma literatura verdadeiramente pop sem perder a
qualidade artística, eram leitores vorazes, assim como
Charles Bukowski, que pessoas desavisadas podem considerar
um tosco, mas que era muito consciente dos processos
narrativos que utilizava. Isso não se aplica a este grupo de
autores, e um dos resultados dessa deficiência é o fato de
que muitos destes textos se apresentam como contos, mas não
passam de simples relatos. Sâo válidos como fonte de
satisfação pessoal, catarse (como no caso dos diários
pessoais ou sua forma pós-moderna, os weblogs) ou até mesmo
exercícios de iniciação literária, na melhor das hipóteses.
Mas, no fundo, é apenas diletantismo. Ser autor de um texto
desses e sair por aí se dizendo escritor e acreditando que
se está fazendo literatura - mesmo "pop" - é de um exagero
quase caricato. Muitas pessoas têm dificuldades em entender
(ou resistência em aceitar) que a literatura é uma arte com
regras e técnicas específicas, que todo escritor deve
conhecer e se possível dominar, mesmo que seja para quebrá-
las. São essenciais para seu trabalho, na mesma medida que o
talento - com a diferença de que esse é inato e não tem como
ser obtido através de estudo e prática. Sem método ou um
anti-método - que exige conhecimentos do método -, não há
literatura.

Mas existe outro grupo de autores da literatura pop de
internet que produz textos que possuem características
literárias, em maior ou menor escala. É visível que estes
realizam seu trabalho de uma maneira mais consciente, mas
mesmo assim, com algumas exceções (como, por exemplo, Indigo
e Gustavo Fischer), ainda não apresentaram um conjunto de
textos que tenha consistência ou qualidade digna de nota.
Existe uma espécie de "despretensão pretensiosa" neste grupo
de autores, o que, junto com semelhanças temáticas, cria um
paralelismo entre eles e a segunda e terceira geração do
romantismo brasileiro. Apesar de (ainda) não ter surgido um
autor de literatura pop que faça uso da poesia como
linguagem, está tudo ali: a subjetividade extremada, as
primeiras pessoas, o "amor" como tema dominante (e a sua
impossibilidade surgindo com freqüência), personagens
masoquistas, de uma passividade quase bovina, isso sem falar
em uma estrutura muitas vezes folhetinesca (utilizada sem
fins satíricos ou paródicos). Não é necessária uma análise
muito profunda para constatar que não há muita diferença
entre os textos desses autores e muitos dos folhetins
românticos publicado neste país no século retrasado, e
existem semelhanças até mesmo com os livrinhos de "histórias
de amor" vendidos em bancas de jornal. Praticamente mudam
apenas as referências culturais e diversas características
sociais, mas a psicologia dos personagens é extremamente
semelhante, ainda que não se tenha visto um personagem de
literatura pop morrer de amor -mas eles chegam quase lá.
Sendo assim, o que chamam de "literatura pop" poderia ser
chamado de "neo-romantismo", ou de "quarta geração tardia".
Como se sabe, o romantismo não é conhecido exatamente pela
excelência literária, apesar de ter sido importante dentro
de seu contexto histórico. Mas o que pensar de um
"movimento" que o ressuscita e o recauchuta para consumo
rápido no início do século XXI? O problema está nos autores
que o representam, ou eles apenas estão cumprindo seu papel
de escritores e refletindo uma espécie de período emocional
regressivo da sociedade ocidental?

Pode-se afirmar que a maioria destes autores não está
pretendendo criar nada além de puro entretenimento. Até aí,
nada de errado, apesar de muitos deles esquecerem que até
para simplesmente se contar uma boa história é necessário
saber contá-la, ou seja, ter intimidade com o meio que será
usado como suporte. Certamente deve-se levar em consideração
o fato de que a maioria destes autores está se iniciando na
prática da narrativa, e que são apenas vítimas das
facilidades de publicação oferecidas pela internet. Este é
um dos fatos que dá pertinência a este texto. Se por um lado
Goethe foi capaz de perpetrar um Werther na juventude, por
não mais que pura falta de crítica, mais tarde teve a
lucidez de lhe renegar qualquer relevância. Também é
possível considerar que estes autores estão realizando uma
espécie de crônica despretensiosa acerca de um determinado
segmento social de uma geração. O problema é que se está
perdendo uma boa oportunidade de utilizar a ficção como
instrumento de crítica e análise. Não podemos perder de
vista que a literatura é uma forma de arte, e como tal deve
possuir algum mérito estético aliado a um mínimo de
questionamento sobre a experiência humana. A iniciativa de
se tentar criar uma literatura pop, apesar de não ser
inédita e revelar um certo desconhecimento sobre a história
da literatura, é digna de respeito - principalmente no
Brasil, um país que por diversos motivos ainda trata o
ofício de escrever com uma reverência exagerada, beirando a
mitificação. Mesmo assim, isso não é motivo para tratar a
matéria de forma quase niilista, perdendo todas as
referências sobre a arte literária, seu método e seu
potencial de causar reflexão. Nem tanto, nem tão pouco.
Quando teve suas formas eruditas e populares adequadas à
indústria cultural, a música não perdeu necessariamente suas
características de arte: o jazz seria o melhor exemplo se a
história do rock não pudesse fornecer provas ainda mais
contundentes. O problema é que a maior parte da "literatura
pop" produzida neste país e divulgada na internet tem mais
pontos de contato com o pagode romântico, a música enlatada
e as boy bands do que com as formas citadas anteriormente.
Trata-se do pop do pop, um produto kitsch e sentimentalóide,
o rebotalho da indústria cultural.

Muito alarmante e sintomático é o fato da literatura pop de
internet ser extremamente descartável, mesmo para um
"estilo" que se anuncia como imediatista e sem grandes
pretensões de perenidade. A maioria dos textos, além de
demasiadamente planos, não possuem qualquer germe de
estranheza ou questionamento, servindo como uma espécie de
espelho onde o leitor encontra algum tipo de consolo. Sendo
a literatura, assim como as outras artes, um instrumento de
reflexão, não pode ser reduzida a um coro de contentes sem
perder suas qualidades criativas e seu potencial
transformador. Bons contos, romances e novelas devem fazer o
leitor questionar ou ver de formas diferentes a si mesmo e
às realidades que o cercam, ou não passam de um agrupamento
estéril de frases bem-colocadas, onde o leitor pode se
reconhecer facilmente para esquecer em seguida e voltar à
sua rotina sem grandes sobressaltos. A boa literatura deve
surpreender o leitor, intrigá-lo, quebrar suas expectativas,
e não simplesmente dar-lhe o que deseja, acredita e já
conhece, reforçando seus conceitos e preconceitos e, no caso
do neo-romantismo, seu conservadorismo, sua superficialidade
que beira o fútil, seu egoísmo, seu consumismo, sua
passividade, seu narcisismo e sua lamentável castração
emocional. Vazia em questionamentos sobre a sociedade de
consumo, a "literatura pop" tende a mediocrizar o leitor,
consolidando uma visão de si mesmo como apenas um consumidor
vitimizado, sem capacidade de reação. Mesmo que isso seja
apenas um reflexo do estado psicológico de um setor de nossa
sociedade, como considerei anteriormente, e principalmente
neste caso, a literatura deveria servir como instrumento de
contraste, e não de confirmação. Mesmo que o autor trabalhe
com a identificação entre personagem e leitor, deve haver
sempre espaço para o estranhamento, pois é dele que nasce a
capacidade de fazer, como disse William Burroughs, com que o
ser humano enxergue o que não está vendo, e a partir daí
tome atitudes.

Fruição estética, estímulo da imaginação, visão crítica,
transformação interior, reconstrução do mundo. Este é o
papel da boa arte. Nada impede que sejam usados elementos da
indústria cultural como referências na sua produção, pois
não faltam exemplos para demonstrar que isso é até saudável
e pode lhe conceder maior potencial crítico. O problema está
em submeter a literatura por completo à lógica dessa
indústria, a ponto de coisificar a obra literária até fazê-
la virar simples produto, transformando em pura fonte de
distração o que deveria prover interação com o mundo, a
sociedade e seus significados. Não é uma questão de ser
contra a literatura pop de internet, mas sim de combater a
má literatura onde quer que ela surja. Não é uma questão de
ser contra o sentimentalismo, mas sim de promover a
dignidade. Não é uma questão de ser contra o entretenimento
puro, mas sim de recuperar o papel revolucionário da arte.
Precisamos de obras que nos fortaleçam e nos tornem mais
capazes de analisar, compreender e modificar o mundo em que
vivemos, não de simples produtos que nos deixem conformados
e incapazes de mudar coisas mínimas como nossa capacidade de
lidar com frustrações. É este o caminho que qualquer um que
esteja se iniciando ou se aperfeiçoando em alguma forma de
arte deveria seguir. Ou queremos mesmo viver e ser lembrados
como uma geração de bundões?

Na realidade, a arte situada entre o
mundo do bom gosto e o mundo do
sentimentalismo não pode desempenhar
a função social. Torna-se instrumento
de alienação.
-jayme paviani, 'estética mínima'

---dani .el mojo. pellizzari
Velha

-- letter of September 28 1814

"By the bye, as I must leave off being young, I find many Douceurs in being a sort of chaperon [at dances], for I am put on the Sofa near the Fire & can drink as much wine as I like."

Jane Austen

3.5.01

Tristezinha besta

O pau come no mundo mas e daí, quanto mais a coisa fica preta (aprendi), mais o werther sofre com frescura. Num tô dizendo que ele era crasse média. Aquele lá seria inclassificável dentro dos padrões da ordem vigente politicamente correta.

Juju, cê já andou procurando o teu Crack-Up? Rá! Como é que o "fitzxxxgerald" falava o próprio nome quando tava bêbado? Precisava de alguém pra apresentar ele às outras pessoas, senão só podia dar o outro nome, mas provavelmente Scott soaria como "scotch" e a situação não ficaria menos chata. Eu avisei que eu ia levar o livro, você nunca me escuta... que bom que eu roubo as coisas de você com tanta facilidade porque tô precisando dele agora.

"Of course all life is a process of breaking down, but the blows that do the dramatic side of the work - the big sudden blows that come, or seem to come, from outside - the ones you remember and blame things on and, in moments of weakness, tell your friends about, don´t show their effect all at once. There is another sort of blow that comes from within - that you don´t feel until it´s too late to do anything about it, until you realize with finality that in some regard you will never be as good a man again."

n.p.: e nem te conto do vinho com pedaços de rolha...

2.5.01

Pega aqui, ó

O Daniel baixou Na Pista no Audiogalaxy.com, gostou e até comentou no blog, assim como o Titi, o moço do Catarro, o Eduf e o Audrin :-)

Por que o (a) amigo (a) aí na frente da telinha também não experimenta? É a primeira música de uma série que tô gravando com o 4track valsa em estúdio e sei que eu pareço um disco arranhado quando digo isto duas, três vezes por semana aqui no blog mas vai lá, vai, gracinha, dowloadeia aê.